
Dengue cresce 30% e Ministério retoma campanhas
maio 6, 2023Mais de 300 pessoas morreram com a doença em 2023
Passada a emergência sanitária da Covid-19, o Brasil volta as atenções para a dengue, a zika e a Chikungunya. As doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti tiveram crescimento de 30% do número de casos entre janeiro e abril. Por isso, o Ministério da Saúde lançou a campanha nacional de combate às três doenças.
Uma preocupação das autoridades em saúde é que o Brasil tem registrado epidemias recorrentes de dengue, mas o intervalo entre cada uma tem sido cada vez menor. As outras duas arboviroses (doenças transmitidas por insetos) não chegam aos números da dengue, mas têm mantido taxas de ocorrência ao longo dos anos.
Números preocupantes
Quase 900 mil casos de dengue foram registrados em 2023 contra 690 mil no mesmo período de 2022. Espírito Santo e Mato Grosso do Sul são os Estados com maior volume de registros. No caso da zika, o crescimento foi de 289% comparando 2023 a 2022 (6.200 infectados contra 1.600, respectivamente). Segundo o Ministério da Saúde, a dengue matou 333 pessoas este ano; a zika foi responsável por 19 óbitos.
Fique atento
As três doenças provocam febre repentina, dor de cabeça, possíveis dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, coceira na pele, manchas vermelhas pelo corpo, náuseas e vômitos. Os sintomas variam de paciente para paciente. Em quadros assim é importante procurar o serviço de saúde imediatamente para receber as orientações médicas.
Inseticida e novas tecnologias
Por enquanto, as autoridades concentram as estratégias de combate em duas frentes: orientação e uso de inseticida. O Governo Federal informou que o investimento no famoso fumacê foi de R$ 84 milhões em 2023. Outros 275 mil litros de veneno devem ser distribuídos aos Estados e ao Distrito Federal até o fim de maio. Entretanto, não foi divulgada alguma nova tecnologia de combate ao mosquito. O Instituto de Ciências Biomédicas da USP criou o Laboratório de Mosquitos Geneticamente Modificados e já levou a campo uma experiência que tem mostrado bons resultados. Insetos com a genética alterada em laboratório são espalhados no ambiente e seus ovos não produzem novos animais. É como interromper a reprodução dos mosquitos em escala. O teste realizado em Juazeiro (BA) mostrou que a população de Aedes Aegypti caiu depois da introdução dos insetos modificados geneticamente. A mesma queda não foi registrada em municípios observados no mesmo período que não receberam populações dos mosquitos da USP.
Fumacê ou larvicida?
Uma iniciativa tem chamado a atenção para o combate à dengue. O fumacê tem a eficácia questionada regularmente. Jogar inseticida no ar é um ato questionável. Inicialmente, é um produto tóxico que fica sobre as folhas, flores e no ambiente em geral. Só isso já envolve um potencial dano, por exemplo, para polinização por abelhas. Ao mesmo tempo, o inseticida precisaria passar pela nuvem de fumaça na hora da aplicação ou imediatamente depois. É duvidoso se isso acontece em escala suficiente para reduzir a população de insetos no volume necessário para combater a doença drasticamente como é necessário. Mosquitos voam e, em geral, escondem-se dentro das casas que ficam fechadas na hora do fumacê.
Para contornar esse problema, uma pesquisa resultou numa pastilha chamada comercialmente de DengueTech. A ideia é interessante: em vez de jogar inseticida no ar, coloca-se uma pastilha na água. Quando o mosquito deposita os ovos, eles eclodem e a pastilha dissolvida mata as larvas e a procriação não acontece. No caso, as campanhas de combate à dengue teriam que ser invertidas. Em vez de evitar água acumulada, as pessoas seriam estimuladas a fazer o contrário, espalhar pastilhas em potes e recipientes e atrair os mosquitos. Cada casa vira uma armadilha – ou várias – contra as três doenças.
Vacina
A vacina contra a dengue está disponível na rede privada e é recomendada para pessoas que já tiveram a doença. Um novo imunizante está em desenvolvimento, com ótimos resultados até agora, no Instituto Butantan. Ela deve chegar ao mercado em 2024.