Bom dia com as notícias de quarta

Marco temporal

Aprovado o marco temporal para demarcação de terras indígenas. Pelo texto, só podem ser destinadas aos povos tradicionais as áreas que estavam ocupadas na promulgação da atual Constituição. Movimentos indígenas protestaram contra a aprovação na Câmara dos Deputados, principalmente com o argumento de que em 1988 muitos grupos estavam fora de suas áreas de moradia por pressão de invasores. É uma longa discussão que segue por dois caminhos. O mais curto é o do Senado, onde a matéria será apreciada e votada. O segundo é o do judiciário que também deve julgar a questão. O fato é que o centrão segue mandando nas pautas e enquadrando o governo federal que, hoje, tem mais cara de direita do que Lula desejou e prometeu durante a campanha.

Cúpula

A cúpula dos países sul-americanos teve polêmica com a declaração de Lula sobre a Venezuela. O anfitrião do encontro realizado em Brasília disse que há uma narrativa condenando o governo venezuelano e que muitos esquecem que o país vizinho passa por sanções internacionais pesadas e que impedem o seu desenvolvimento. Um dos aspectos prejudiciais à evolução venezuelana está no bloqueio do dinheiro que o país tem depositado em fundos no exterior.  

A declaração de Lula foi criticada por diversos líderes, como o presidente do Chile, que afirmou que é impossível fechar os olhos para as violações de direitos humanos cometidas pelo governo de Caracas. Gabriel Boric, no entanto, reconheceu que a participação da Venezuela em organismos internacionais é importante. O Brasil segue de olho no vizinho com interesse comercial e estratégico mais profundo do que o ideológico. A petrolífera PDVSA enfrenta dificuldades e precisa de modernização. Diante dos embargos internacionais, a Petrobrás surge como possível ponto de apoio e a cooperação em petróleo é desejada há muito tempo por parte da diplomacia brasileira.  

Moeda única

Lula também falou em criar uma moeda única. Antes que a ideia gere interpretações equivocadas, é importante mencionar que não se trata de uma moeda para que os cidadãos usem diariamente. Não estamos falando de adotar o peso em toda a América do Sul. A moeda única é uma ferramenta para cooperação e comércio entre as nações; exportações e importações. Além disso, Lula defendeu o BNDES como banco de fomento em uma configuração de cooperação regional. Outra lembrança importante: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social não financia governos. O dinheiro do BNDES vai para empresas brasileiras que desenvolvem projetos no Brasil e no exterior.  

Foto: Paulo Sales / acervo VP