Hezbollah e PCC juntos pelo crime na fronteira do Brasil

Hezbollah e PCC juntos pelo crime na fronteira do Brasil

outubro 4, 2024 0 Por editor

O Hezbollah, o grupo terrorista com o qual tropas israelenses entraram em combate no sul do Líbano nesta semana, está envolvido em crimes como contrabando de cigarros e tráfico de armas e drogas na região da tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. Investigações da polícia brasileira mostram que o grupo terrorista opera uma parceria com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Os libaneses não fazem ações terroristas na região, mas fornecem armas para o PCC e em troca recebem proteção e podem se beneficiar de rotas de cocaína operadas pela facção.

A região de fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai vem sendo usada há décadas como refúgio de organizações criminosas ou terroristas como o Hezbollah, máfias italianas, chinesas e do leste europeu. A facilidade de trânsito entre os três países e a fragilidade das forças de segurança do Paraguai são alguns dos fatores que explicam a tendência, segundo analistas.

Autoridades de segurança da Argentina e do Paraguai aumentaram o nível de alerta sobre a região nesta semana e reuniões de emergência foram realizadas entre os três países para tratar da possível chegada destes terroristas do Hezbollah à região. O Brasil não se manifestou sobre o assunto.

Nas últimas semanas, Israel vem eliminando sistematicamente quase todas as lideranças da cúpula do Hezbollah, incluindo seu líder máximo, Hassan Nasrallah, morto em um ataque aéreo em 27 de setembro. O temor é que lideranças terroristas sobreviventes deixem a região em busca de refúgio em outras partes do mundo.

Lei brasileira antiterrorismo é ineficaz contra ações do Hezbollah e do PCC

Há uma década, a ligação entre o crime organizado brasileiro e núcleos terroristas foi tema de debate no Congresso Nacional com relatos de que os “serviços de inteligência brasileiros reuniam uma série de indícios de traficantes se associando a criminosos de origem libanesa, ligados ao Hezbollah, organização com atuação política e paramilitar fundamentalista islâmica xiita, sediada no Líbano” e que “relatórios da Polícia Federal apontavam que esses grupos teriam se ligado ao PCC”.

Em 2016 o Brasil aprovou a Lei Antiterrorismo (13.260), que passou a disciplinar o terrorismo e reformulou o conceito de organização terrorista. Na prática, porém, operadores da lei, como autoridades policiais, núcleos de investigação, fiscalização e controle, têm avaliado que ela foi feita para não funcionar diante da grande preocupação em não criminalizar movimentos “populares”, com ênfase neste caso ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

Assim, na prática, membros do Hezbollah e integrantes do PCC não tendem a ser presos por terrorismo no Brasil, pois a lei antiterrorismo prevê que as ações dos suspeitos precisam ser caracterizadas por motivação de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião. Mas eles podem ser detidos com base no Código Penal e processados pela prática dos crimes comuns, como contrabando, tráfico e lavagem de dinheiro.

Fonte: Gazeta do Povo

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