Anderson Torres sai da cadeia, mas segue medidas restritivas

Anderson Torres sai da cadeia, mas segue medidas restritivas

maio 12, 2023 0 Por editor

Ex-ministro usará tornozeleira eletrônica e não pode usar redes sociais

Depois de diversos pedidos de liberdade sob os mais diversos argumentos, o STF autorizou a libertação do ex-ministro Anderson Torres. Trata-se da concessão de liberdade provisória. A autorização atende a um pedido da defesa de Torres no sentido de substituir a reclusão por medidas cautelares previstas em lei. Recentemente, o investigado trocou o titular de sua defesa. Quando chegou ao Brasil, o ex-ministro tinha Rodrigo Roca como seu advogado. Roca já havia defendido o senador Flávio Bolsonaro e dizia ser contra o instituto da delação premiada. O novo advogado, é Eumar Novacki, ex-chefe da Casa Civil do DF. A liberdade de Torres vem depois da troca, o que trouxe aos bastidores a hipótese de ser negociação uma possível delação nos próximos depoimentos do investigado.

Solto, mas com restrições

A tornozeleira eletrônica é apenas uma das obrigações a serem cumpridas por Torres. Ele não pode sair do Distrito Federal, não deve manter contato com demais investigados, não pode usar redes sociais e segue afastado das funções na Polícia Federal. A prisão pode ser decretada novamente em caso de descumprimento de qualquer uma das obrigações. A defesa vinha argumentando com frequência sobre o mau estado de saúde de Torres. A saída é como o atendimento dos pedidos em troca de cooperação. Ultrapassar a linha pode ter consequências piores do que a prisão iniciada em 14 de janeiro. Na decisão, Alexandre de Moraes ressalta que os motivos que sustentavam a prisão já foram atingidos – leia-se: evitar intervenções de um policial federal, ex-ministro e ex-secretário de Estado no curso das investigações. Pode significar mais: a vontade de colaborar com as investigações pode ter mudado, mas disso só teremos certeza a partir de novos depoimentos de Torres à PF.

Investigação

Torres está sendo investigado por ações e omissões em movimentos golpistas. A começar pelo ocorrido em 8 de janeiro quando o ex-secretário de segurança pública do DF viajou para os Estados Unidos momentos antes da invasão aos prédios dos Três Poderes. Importante lembrar que houve uma espécie de desmonte dos principais cargos da secretaria antes da viagem de férias. Além destes fatos, há o planejamento de barreiras nas estradas que levavam eleitores para locais de votação no domingo do segundo turno das eleições. Coincidentemente, as barreiras foram montadas em regiões onde Lula teve boa votação no primeiro turno. Outra coincidência: as barreiras foram montadas pela Polícia Rodoviária Federal, à época chefiada por Torres. Na casa dele, foi encontrado um documento que ficou conhecido como minuta do golpe. Um texto com preparativos ou configurações legais que se encaixa em um contexto posterior a algum dos atos anteriores ter tido sucesso. Não tiveram e tudo isso, agora, está simbolizado em um dos tornozelos do ex-ministro.

Fotos: Vinícius de Melo/VGDFv

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