Como morrem as democracias?
setembro 30, 2024*Luciano Lima
Infelizmente, as eleições municipais deste ano ainda vão refletir parte da polarização política da eleição presidencial de 2022, apesar de todas as diferenças que envolvem as alianças e divergências no interior deste Brasil continental.
Apesar de ser taxado muitas vezes de querer ser “isentão”, que é um termo pejorativo dado pelos extremistas, particularmente sonho com o dia em que o povo brasileiro possa entender que democracia vai muito além do voto na urna, em nosso caso, eletrônica.
A extrema polarização compromete o diálogo, as regras comuns e até a legitimidade de quem pensa diferente das “bolhas” extremistas, que hoje são apimentadas por boa parte da mídia e das redes sociais, onde pontos de vistas diferentes têm chance mínima de furar as “bolhas”.
Sonho com o dia em que o eleitor brasileiro possa entender que a polarização é sempre promovida por aqueles que dela se favorecem. Até porque, é mais fácil se alimentar da intolerância para ganhar mais apoio. No Brasil dos extremos de hoje, ver o adversário como um inimigo a ser exterminado é melhor do que tê-lo em um debate de ideias.
Os extremos adoram carimbar os seus oponentes como o “pior de todos os seres humanos” para justificar a quebra de regras. E é sempre assim que nascem os populistas e, consequentemente, as ditaduras. O extremista tem sempre uma desculpa política ou ideológica rasa para ter pouco apreço à democracia. E essa “turma” tem a absoluta certeza que está certa.
O radicalismo e a perseguição política caminham sempre para a destruição das instituições e do sistema democrático. Alguns podem até entender que uma sociedade dividida em dois pólos pode fazer parte do desenvolvimento da democracia. Mas no Brasil, os debates e as diferenças estão sendo consumidos pelo ódio e por discursos generalistas alimentados por nosso provinciano senso comum. É assim que as democracias morrem.
*Luciano Lima é historiador, jornalista e radialista