Liberação de bebidas alcoólicas no Eixão do Lazer: tragédia anunciada?

Liberação de bebidas alcoólicas no Eixão do Lazer: tragédia anunciada?

outubro 16, 2024 2 Por editor

*Por Luciano Lima

A notícia de que o Governo do Distrito Federal pretende liberar a venda de bebidas alcoólicas no “Eixão do Lazer” pode decretar o fim da tranquilidade para os moradores da Asa Sul e da Asa Norte e para as famílias de todo o Distrito Federal que frequentam um dos espaços mais democráticos de Brasília.

O governador Ibaneis Rocha pode estar trazendo para seus ombros a responsabilidade de banalizar o consumo indiscriminado de álcool e as consequências negativas geradas onde essas práticas ocorrem. Notícias de tragédias envolvendo pessoas embriagadas em bares do Distrito Federal em 2024 não faltaram. Imagine a liberação em espaços públicos, como o “Eixão do Lazer”?

O consumo de bebidas alcoólicas nas ruas sempre gera transtornos e todos temos conhecimento de toda perturbação e tumulto causados quando pessoas se juntam para consumir álcool.

É importante que o Governo do Distrito Federal faça uma avaliação mais criteriosa sobre os impactos que serão gerados pela medida a médio e longo prazo. É quase certo que haverá aumento da perturbação do sossego, poluição sonora, cheiro forte de urina das vias e também nos pilotis dos blocos, muito lixo e aumento da violência. É importante lembrar que o direito de um cidadão vai até onde esbarra no direito dos outros.

Tenho a absoluta ciência de que não se pode restringir o direito e a liberdade do consumo de álcool, algo que já é socialmente aceitável. No entanto, o Governo do Distrito Federal precisa encontrar mecanismos que podem ser utilizados para coibir os excessos, a poluição e a bagunça.

Um dos principais objetivos de regular o consumo de álcool em espaços públicos, como o Eixão do Lazer, é diminuir a criminalidade e a violência. É uma lógica que nem é preciso “desenhar” para entender. Pessoas embriagadas estão mais vulneráveis a ataques, assaltos e outros atos violentos. E estão também mais suscetíveis a se envolverem em brigas.

Outro dado que não pode ser ignorado é que há uma preocupação em todo o Brasil com o aumento do consumo de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes. É dever do Estado construir pontes para evitar o consumo, cada vez mais cedo, de álcool. E não podemos esquecer: álcool e drogas constumam andar de braços dados. O álcool é também um dos principais motivos para o aumento da violência doméstica.

Repito: o Governo do Distrito Federal está trazendo para si uma responsabilidade muito grande. Liberar ambulantes para a venda de bebidas alcoólicas em vias públicas, normalmente a preços bem mais em conta, é banalizar a venda de um produto que sempre, quando consumido com excesso, traz consigo consequências desastrosas. “Quem avisa, amigo é.”

E vamos ser sinceros: caminhar, andar de bicicleta, correr, brincar com os filhos ou netos, enfim, praticar exercícios físicos, não combinam com álcool.

*Luciano Lima é historiador, jornalista e radialista

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