
Cai e projeção da inflação. E agora, Bacen?
maio 22, 2023Tendência de alta da inflação era a justificativa para não reduzir Selic
O VP tem acompanhado de perto a batalha pela redução da taxa Selic. A luta é política. O presidente do Banco Central, Campos Neto, tem autonomia para definir o índice a cada nova reunião do Conselho de Política Monetária. Ele é aliado do ex-presidente Bolsonaro. Para Lula, a redução dos juros é fundamental para poder ter margem para as políticas de crédito e de investimentos. Sem investimentos, fica mais difícil apresentar resultados positivos na economia até o fim do mandato.
Acontece que, apesar da evidência do conteúdo político das decisões do Bacen, o argumento tornado público é sempre técnico. Algo como: “o Brasil corre risco de entrar em alta inflação e os juros mais altos ajudam a manter o controle.” A taxa selic está em 13,75%, considerada elevadíssima para um país que precisa de crescimento econômico. O gráfico abaixo é uma reprodução em edição do gráfico disponível no site do Banco Central.

Custo do dinheiro
Nós já explicamos aqui, mas vale sempre relembrar. A taxa de juros é o preço do dinheiro. A Selic serve de referência para as demais taxas que existem na economia. Com uma taxa alta, o financiamento fica mais caro para quem precisa comprar um bem sem dispor do montante à vista. Quando as pessoas estão com muito dinheiro no bolso e gastam despreocupadamente, uma economia tende ao descontrole no equilíbrio dos preços. É quando um setor aumenta os preços por perceber que a elevação não afeta a procura e as pessoas continuam comprando. Só que imagine que quem comprou mais caro também aumente os preços para seus clientes e assim uma reação em cadeia. No caso, temos a inflação.
O problema é que no Brasil as pessoas não estão com essa renda toda e nossa inflação pode ser considerada sob controle. Temos preços administrados que empurram os custos para cima. Basta ver o comportamento do diesel ou gasolina nos últimos anos. Agora, o governo decidiu mudar a política e isso vai diminuir a pressão sobre os preços naquilo que os combustíveis costumam afetar: frete, transportes e serviços que dependem do setor.
Voltando ao ponto
Hoje cedo, o Boletim Focus trouxe uma revisão da inflação projetada para 5,8% para 2023. A previsão anterior era de 6,03%. O relatório reflete a opinião dos maiores operadores do mercado financeiro. A tendência de queda da inflação demonstra que a pressão diminuiu. Perde força a tese do Banco Central – e de Campos Neto – de que é preciso manter os juros caros para que as pessoas não gastem. A projeção atual do Boletim Focus ainda passa longe da meta de inflação projetada pelo Copom que está em até 4,75% em 2023.
A próxima reunião do Conselho de Política Monetária está marcada para 20 de junho. Até lá, 4 edições do Boletim Focus que podem confirmar ou não a tendência de redução da pressão inflacionária. É importante acompanhar o movimento da economia e ver até onde a política estará no centro da discussão econômica. Vale a pena ler a página do Banco Central sobre o que é e como funciona a Selic (confira aqui). A imagem abaixo é apenas um recorte do site.
