O que será de nossa indústria?

O que será de nossa indústria?

maio 29, 2023 0 Por editor

Brasil anuncia plano para tentar escapar da desindustrialização

Uma das bandeiras defendidas pelo presidente Lula desde o tempo da campanha é a retomada do crescimento industrial. O anúncio de ajuda veio agora. O BNDES anunciou crédito de R$ 20 bilhões para inovação na indústria e mais R$ 2 bilhões máquinas, importações e capital de giro para a setor de transformação.

O anúncio vem em um momento em que o Brasil precisa não só de investimentos, mas de uma definição sobre como deve ser a sua indústria daqui para frente. Para se ter uma ideia, em 1980, tínhamos mais relevância industrial do que China, Índia e Coreia do Sul juntas. Hoje, não estamos nem perto de qualquer uma das três isoladas.

Desindustrialização

É a chamada desindustrialização. Ocorre quando o país troca um setor importante da economia – industrial – por outros, como serviços e comércio. Isso é possível quando tempos outros setores que trazem renda para o país e a produção de bens é trocada pela importação de produtos prontos.

Vamos observar o exemplo da Venezuela. Assentada sobre uma das maiores reservas de petróleo do Mundo, a nação vizinha estabeleceu a economia a partir da compra de produtos estrangeiros. Como isso foi possível? Com muito dinheiro entrando na economia com a venda dos petróleo jamais houve interesse em reverter esse dinheiro para a produção de bens em larga escala. Menor ainda foi o interesse em investir em inovação, produtividade, etc.

O país passou a viver de uma fonte só que vinha do subsolo, é finita e depende de uma regulação internacional tremendamente complexa. Resultado: quando estoura uma crise política e a Venezuela passou a ter problemas políticos, os produtos que vinham de fora passaram a não chegar. Faltou até papel higiênico para consumo interno. Vulnerabilidade provocada por pressão dos Estados Unidos, mas semeada por décadas e décadas de escolhas erradas.

Caso brasileiro

O Brasil depende, desde o tempo da colônia, dos produtos primários. O sonho de industrializar o país começou ainda no Império. Dom Pedro II não mediu esforços para iniciar o processo antes mesmo que países como Alemanha, Itália e Rússia tivessem avançado. Por isso, as iniciativas de atração de imigrantes que darão origem às indústrias têxteis em alguns locais do país.

Não foi o suficiente para promover algo relevante em nível nacional. De efetivo mesmo, nosso primeiro salto veio com Vargas e a diplomacia que resultou na construção da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN. A questão é que continuamos com a maior parte dos ganhos da economia vinculados a produtos primários: café, carne, soja e demais produtos do agro.

Por mais que os defensores da tecnologia do campo digam que um cafezinho tem tanta tecnologia quanto um smartphone, no mercado os valores não são equivalentes. Alimentos têm a tendência de manutenção ou queda de preço no longo prazo, enquanto a tecnologia avança no sentido contrário. Entretanto, como vimos, quem exporta carne e soja traz muito dinheiro ao país e acabamos optando por investir em produzir componentes com grande valor agregado.

O que acontece? Algo semelhante, em essência, ao ocorrido na Venezuela: com dinheiro na mão, compramos de fora. É por isso, que a China vem há décadas investindo pesado em industrialização de alto valor agregado; tecnologia pesada mesmo… para vender para quem optou por não desenvolver a indústria local.

Dever de casa

Para não alongar ainda mais esta mera postagem, é importante ressaltar que passou da hora de definir o que queremos em termos industriais para o futuro. O ideal seria modelar um plano que envolvesse indústrias de transformação com plantas instaladas de baixo impacto ambiental gerando muitos empregos e outras de mais alta tecnologia mesmo que com menor número de empregados. Temos uma América Latina inteira para abastecer e uma taxa de desemprego importante. O agronegócio é importante e deve continuar forte, mas não podemos viver apenas dele em termos de economia nacional.

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

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