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maio 23, 2023O racismo e a resposta política
O caso absurdo – mas nada incomum – ocorrido com Vinícius Jr. trouxe a política brasileira para dentro do futebol. Imediatamente depois do ocorrido, autoridades brasileiras passaram a cobrar publicamente uma posição da Liga Espanhola – La Liga. O fato é que casos como estes acontecem e sempre aconteceram com todo mundo achando um absurdo, mas nada de concreto acontece a não ser medidas pontuais. Se os clubes quisessem, algo de fato poderia acontecer.
Caro leitor, já imaginou se depois um caso como o atual, Real Madrid informasse que estaria retirando o time da disputa do campeonato e aceitaria convite para disputar outra liga de país vizinho? Seria um caso emblemático com graves consequências políticas e econômicas. A La Liga seria a punir exemplarmente a equipe que usou o racismo como arma competitiva… bastante desonesta, claro. Outros clubes poderiam fazer o mesmo e acertar em cheio em termos de política clara antirracismo. Já imaginou o Real Madrid disputando a Premier League?
O problema é que isso não acontece por que as equipes não querem que aconteça. O mal estar é passageiro, na rodada seguinte, as equipes entram como uma faixa, recebem aplausos e fazemos de conta que não houve um crime.
Enquanto isso
Enquanto isso, o governo federal quer punição exemplar. Já apresentou representação à La Liga e à Fifa. O ministro da justiça, Flávio Dino, fala em aplicar a lei brasileira sobre o caso. A ideia é aplicar o princípio da extraterritorialidade ao caso. Leia-se: usar uma lei brasileira para punir um crime ocorrido fora do Brasil, mas contra um brasileiro. É algo previsto no nosso Código Penal. O caso é o tipo de ocorrência em que todo mundo ameaça, ameaça e acaba tudo em notas e reprimendas. De prático, talvez, alguma punição disciplinar ou administrativa contra atletas ou o clube envolvido. Punição criminal é algo muito distante.
Mauro Cid, de novo
O ex-ajudante de Bolsonaro prestou novo depoimento à Polícia Federal. Desta vez, a respeito do caso das joias entregues como presente ao ex-presidente. Cid é suspeito de tentar recuperar as doações antes do fim do mandato do chefe. O inquérito segue na PF com o foco e entender a relação entre o presente milionário e a venda de ativos brasileiros ligados à produção de petróleo a preços abaixo do mercado. De acordo com informações do portal Metropoles.com, Cid respondeu a todas as perguntas. Ele segue preso.
Chapa quente
O GDF dobrou a aposta em relação ao impasse com os professores da rede pública. A Procuradoria-Geral do DF entrou com pedido no Tribunal de Justiça para que a multa diária imposta ao Sinpro-DF seja duplicada. Seriam R$ 600 mil por dia sem aula. Além disso, pediu a retenção de R$ 3 milhões em contribuições sindicais da Secretaria de Educação que são destinadas ao sindicato. No dia 7 de maio, a justiça já tinha determinado retorno imediato ao trabalho e estava autorizado o corte de ponto dos grevistas.
Pressão interna
Internamente, o movimento tem problemas. O Sinpro-DF lidera a greve mas virou alvo de críticas. Professores mais radicais ouvidos pelo VP dizem que os diretores do sindicato estão propensos a favorecer o acordo depois da proposta apresentada pelo GDF na semana passada. Na última reunião, o governo ofereceu incorporação de uma gratificação dada aos professores que estão em sala de aula para todos os demais, inclusive aposentados (Graped). O pagamento seria parcelado a partir do ano que vem. Além disso, a categoria receberá 6% de reajuste por ano até 2025; três parcelas. A questão é que se aceitar o acordo a categoria fica sem condições de quaisquer reivindicações nos próximos anos. A oferta foi rejeitada em assembleia.
Foto principal: Paulo Sales / acervo VP